O Sindicato dos Médicos do Norte (SMN) reuniu com o Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar entre Douro e Vouga (CHEDV), no dia 03 de abril, na sequência de uma assembleia prévia com os seus médicos, onde foi denunciada a precariedade das condições de trabalho, com risco para os doentes.

Os médicos do CHEDV continuam a ser frequentemente retirados da sua atividade assistencial normal para assegurar as escalas do serviço de urgência, prejudicando os cuidados prestados aos doentes e a formação dos médicos internos. Alguns médicos são obrigados a cumprir horários de 24 horas consecutivas em urgência, ultrapassando, constantemente, o limite anual do trabalho suplementar. Além disso, os médicos são impedidos do gozo de descansos compensatórios pelo trabalho efetuado aos domingos e feriados.

No Serviço de Urgência a situação é extremamente preocupante, onde muitas dezenas de doentes se mantêm internados diariamente em macas nos corredores, sem vigilância ou monitorização clínicas adequadas, perante a passividade dos órgãos dirigentes.

A situação no Serviço de Ginecologia de Obstetrícia perpetua-se, com práticas que continuam a promover a indiferenciação da atividade clínica, em desrespeito pelas competências específicas e individuais dos médicos e pelos atuais padrões de qualidade e diferenciação dos cuidados, prejudicando os doentes. Cumulativamente, tem havido insensibilidade e desconformidade legal no que concerne ao trabalho de médicos com especificidades concretas, bem como na marcação de férias.

O SMN denuncia ainda a valorização discriminatória e sobre-hierarquização do trabalho dos médicos, com o seu consequente desvio para trabalho meramente burocrático e administrativo, prejudicando, uma vez mais, a atividade assistencial.

Por fim, tem havido irregularidades quanto ao modo como se processa a avaliação dos médicos, designadamente o pedido de auto e hetero-avaliação para biénios cujos critérios de avaliação não foram previamente apresentados e a utilização de critérios inconformes com a lei.

O CA comprometeu-se a solucionar os problemas elencados que, em todo o caso, o SMN denuncia em paralelo à tutela. Caso os atropelos se mantenham, o SMN atuará junto das instâncias competentes na defesa de condições de trabalho dignas dos médicos e na proteção dos doentes.