O Sindicato dos Médicos do Norte (SMN) reuniu com cerca de duas dezenas de médicos internos, dia 9 de maio, para a criação de um grupo, para que o sindicato possa tomar conhecimento e intervir sobre os obstáculos impostos aos médicos em formação. Durante a reunião ouviram-se os constrangimentos e problemáticas vividas durante o internato médico.

Os problemas levantados pelos médicos internos foram muitos e variados. O não pagamento do trabalho suplementar em serviço de urgência é uma questão que não admite delongas para a sua resolução. Os descansos compensatórios não atribuídos pelo trabalho efetuado em serviço de urgência aos domingos e feriados, põe em causa a saúde, o bem-estar, o equilíbrio familiar e, em geral, o tempo para viver. A discriminação de género, é um problema ainda premente nos dias de hoje e uma realidade que, também é sentida pelos internos.

A reunião ficou, ainda, marcada pelo momento de partilha de depoimentos de diversas situações de assédio. Este é um comportamento, praticado habitualmente por um superior hierárquico, manifestamente humilhante, vexatório e atentatório da dignidade, repetido no tempo e que tem consequências hostis nos jovens médicos. “Vamos ver quem aguenta a pressão” é uma expressão recorrentemente usada de acordo com os testemunhos. Este tipo de denúncias têm chegado aos sindicatos da Federação Nacional dos Médicos (FNAM) com cada vez mais frequência, pelo que foi elaborado um guia para informar e esclarecer os médicos de como proceder perante esta prática.

As jornadas de trabalho durante o internato são longas, onde os médicos em formação asseguram parte da atividade assistencial nos hospitais e cuidados de saúde primários. Têm ainda de cumprir com as exigências curriculares dos seus programas formativos, para além do estudo intenso a que estão obrigados, para melhor cuidarem dos seus doentes. O excesso de horas dedicadas ao internato resultam na dificuldade em conciliar a vida profissional e pessoal, pleno gozo dos direitos da parentalidade, culminando por vezes em situações de burnout e desistência do internato. Por fim, os médicos internos não têm apoio financeiro para as múltiplas atividades de educação médica exigidas na formação.

Este grupo de jovens médicos do SMN pretende ser ativo, discutir e desenvolver ações para a melhoria das condições de trabalho. É fundamental “cuidar de quem cuida”, sobretudo durante a fase do internato médico.