A progressão avassaladora da epidemia Covid em Portugal, exige que todos nós, individualmente ou de forma organizada, procuremos soluções no sentido de conter a evolução da infeção, minimizando as consequências sobre a saúde e bem-estar das populações.

Ao longo dos meses da pandemia temos feito esforços para conseguir conciliar o acesso aos cuidados de saúde para todos os doentes, mas na fase que atualmente vivemos não será possível evitar o esgotamento de recursos se não for conseguido um melhor controlo da propagação do vírus na sociedade.

Todos os esforços devem ser feitos nesse sentido sabendo que será fundamental esse controlo para evitarmos um novo confinamento geral para os próximos tempos.

É fundamental que haja a nível nacional, regional e local, a nível político, social e individual, uma elevada consciência, atitudes e comportamentos que sejam coerentes, colaborativos e adequados à situação complexa que vivemos, do ponto de vista epidemiológico e de saúde, social, económico e cultural.

O Sindicato dos Médicos do Norte, não abdicando das suas posições em matéria de direitos e garantias laborais dos médicos, não se exime de responsabilidades sociais. Entende mesmo ser sua obrigação pronunciar-se sobre medidas de intervenção nas áreas que melhor conhece.

Aumentar a capacidade de resposta do SNS é fundamental:

– Devem ser abertos hospitais de retaguarda para receber doentes que ocupam camas de agudos por razões sociais e doentes COVID em fase de convalescença;

– Deve ser reforçado um modelo de “internamento domiciliário” que permita o acompanhamento de doentes;

 – Poderão ser considerados acordos com hospitais dos setores privado e social no sentido de possibilitar que equipes-cirúrgicas do SNS possam operar doentes nesses hospitais;

– O envolvimento dos setores privado e social deve ser operacionalizado, de modo a evitar que a capacidade do SNS se esgote, para doentes COVID e não COVID;

– A colaboração em rede de todas as entidades permitirá melhorar a resposta às questões da saúde que os portugueses reclamam e a que têm direito;

– Devem ser contratados todos os médicos e outros profissionais disponíveis para renovar as equipas a nível dos CSP e dos Hospitais.

São assim exigidas medidas urgentes e inadiáveis, que permitam, tal como na primeira fase da pandemia, diminuir taxas de incidência, transmissibilidade e letalidade e além disso, manter a vigilância de saúde, a prevenção e o tratamento de doenças por todas as outras causas.

 O SMN defende que é hora de ação, em que todas as instituições têm de colocar acima de tudo os interesses gerais e públicos, respeitando princípios e apostando nas pessoas, em particular nos seus profissionais de saúde.

Salientamos que será sempre possível ao governo requisitar os meios do setor privado social fazendo prevalecer o interesse público conforme previsto na base 34 da Lei de Bases da Saúde.

A Direção do SMN Porto,

30.10.2020