Aumento médio do salário dos médicos será de 3,6% até 2027, muito longe dos 10% anunciados.

Em 2025, os médicos especialistas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) não serão contemplados com aumentos em cada uma das posições da tabela remuneratória, para além do aumento de 2,15% destinado à Administração Pública (AP). O aumento médio específico para o salário dos médicos será de 3,6% até 2027, além de discricionário consoante o grau e a categoria.

Após análise da informação disponibilizada publicamente até ao momento, apresentamos os aumentos específicos que os médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), independentemente da natureza do vínculo contratual ou filiação sindical, podem esperar do Ministério da Saúde (MS) liderado por Ana Paula Martins, em que se excluem os parcos aumentos concedidos à AP:

  • Em 2025, os médicos especialistas não terão qualquer aumento específico em cada uma das posições da sua tabela remuneratória. Desconhece-se qualquer forma de progressão nesse posicionamento, que não seja por força da avaliação.
  • Até 2027, e comparativamente com 2024, os médicos internos avançam apenas 1 nível da Tabela Remuneratória Única (TRU) (56,58€), ou seja, um aumento de 3,2% se forem de formação geral, 2,7% de formação específica nos primeiros anos e 2,4% nos últimos anos.
  • Até 2027, e comparativamente com 2024, os médicos Assistentes serão aumentados no máximo em 7%. Os Assistentes na 1ª posição sobem apenas 2 níveis na TRU em 2026 (3,4%) e em 2027 (3,6%). Os médicos Graduados na 1ª posição sobem apenas 1 nível na TRU em 2026 (1,5%) e 3 níveis em 2027 (4,7%), ou seja, 6,2%.
  • ⁠⁠As 3 posições de Assistente Graduado Sénior não são contempladas com qualquer subida de níveis da TRU. Além disso, as vagas abertas para esta categoria limitam-se a 350/ano até 2027, e deixarão de fora a esmagadora maioria dos 7 mil graduados que poderiam concorrer.

De modo a que fosse recuperada a perda do poder de compra na última década em 2024, a atualização salarial para os médicos teria que ter sido de 20%. Os valores que o MS pretende atribuir aos médicos, em 3 anos, até 2027, são manifestamente insuficientes e não fazem face à inflação vindoura. O MS continuará, assim, a não conseguir atrair médicos para o SNS, que serão empurrados para o setor privado ou para o estrangeiro.

Oportunamente, clarificamos a verdade dos factos sobre o processo negocial. Ao recusar negociar com a FNAM, aquela que é a estrutura sindical que mais médicos representa no SNS, o Ministério violou a Lei. A falta de vontade política deste MS em negociar de forma séria com os médicos, aliada à ausência de competência, prejudica a população e o SNS.

A FNAM já colocou, com clareza, as soluções em cima da mesa, e oficiou o Presidente da República, o Primeiro Ministro e a DGERT/MTSS, para que seja cumprida a Lei no que respeita às regras e procedimentos da contratação coletiva.