O encerramento de vários serviços de Urgência é acompanhado com grande preocupação pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), mas sem surpresa, considerando a falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a desvalorização do trabalho dos médicos e profissionais de saúde. Lamentavelmente, a reunião do Ministério da Saúde com os médicos foi vazia em soluções – está na altura de o Ministério ouvir este grito de alerta.

A FNAM tem vindo a apresentar várias propostas de resolução dos problemas do SNS, consequência da continuada degradação das condições de trabalho dos médicos, dificultando, neste caso, o atendimento dos doentes que recorrem aos serviços de urgência, situação que conheceu um agravamento nos últimos meses.

O encerramento de vários serviços de urgência, com particular destaque para os de Ginecologia e Obstetrícia, um pouco por todo o país, veio confirmar o que a FNAM tem vindo a denunciar. Lamentavelmente, a reunião de hoje com a Ministra da Saúde foi vazia em soluções. É com profunda consternação que se constata a ausência de propostas concretas que venham ao encontro das soluções apresentadas pelos sindicatos médicos.

A política de acentuado desinvestimento no SNS, como a que tem sido levada a cabo por este Ministério, que ao mesmo tempo desvaloriza o trabalho médico e é incapaz de atrair e fixar os jovens especialistas nos locais onde são necessários, tem graves consequências para os doentes.

O encerramento de serviços de urgência de Ginecologia e Obstetrícia, ao colocar em causa a saúde de grávidas, puérperas, nascituros e recém-nascidos, é um alerta nacional.

Esta situação, que não é ainda pior pelo esforço, dedicação e persistência dos médicos e dos restantes profissionais de saúde, tem reduzido a acessibilidade dos doentes aos cuidados de saúde em situação de doença aguda.

Exemplos disto são os encerramentos de urgências de Cirurgia Geral, Medicina Interna, Ortopedia e Pediatria, entre outras, bem como as sucessivas notícias de sobrelotação das urgências existentes, prevendo-se que exista um agravamento deste quadro à medida que se aproximam os períodos habituais de férias. Esta é também uma situação inaceitável para a FNAM.

Há apenas um caminho possível para garantir o normal funcionamento dos serviços de urgência do SNS, que o Ministério da Saúde deve adotar sem mais demoras: acabar com a política de desinvestimento nos serviços públicos de saúde, valorizar as carreiras médicas, atualizar os salários dos profissionais de saúde e implementar o estatuto de risco e penosidade acrescido para os médicos.

A FNAM continuará a denunciar as situações que coloquem em risco o acesso dos cidadãos à saúde e a reivindicar a tomada de medidas concretas para resolução destes problemas, sempre na perspetiva da defesa dos doentes, dos médicos e do SNS.

13 de junho de 2022
A Comissão Executiva da FNAM