No dia 30 de janeiro a FNAM iniciou uma ronda de reuniões com partidos políticos, com o objetivo de apresentar o seu plano de ação, de os sensibilizar para as reivindicações dos médicos, e para ouvir o que os partidos têm a dizer antes das eleições legislativas do próximo dia 10 de março. A FNAM reafirmou que continuará a luta para melhorar as condições de trabalho dos médicos e na defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
As reuniões iniciaram com o PSD, no passado dia 30 de janeiro, e terminam com o PS, no próximo dia 1 de março, tendo a FNAM reunido com o BE, o CDS, a IL, o Livre, o PAN e o PCP. Lamentamos que a reunião com o PS tenha sido sucessivamente adiada, pelo que, depois de realizada essa derradeira reunião, publicaremos uma atualização deste documento.
A nota de destaque é que todos os partidos com quem reunimos referem defender o SNS, mas divergem nas medidas concretas que melhorem as condições de trabalho dos médicos e os seus salários. Uma coisa é dizer que defendem o SNS, outra, mais difícil, é ter um programa capaz de garantir um SNS dotado de médicos das várias áreas profissionais e de reunir a vontade política para o levar a cabo.
A partir do dia 11 de março exigimos retomar a negociação das medidas necessárias para defender o SNS para lá do plano das intenções.
Como Federação Sindical não cabe à FNAM qualquer posicionamento ideológico face aos partidos do jogo democrático, pelo que a intenção desta ronda de reuniões teve como objetivo conhecer a dimensão programática, e a apresentação do caderno de reivindicativo da FNAM necessário para recuperar a carreira médica da degradação a que tem vindo a ser sujeita.
Qualquer que venha a ser o próximo Governo já sabe que impor novos regimes de trabalho sem o acordo dos médicos, com medidas que ferem a Constituição e que pioram as condições de trabalho, não só não vai atrair mais médicos para o SNS, como vai acelerar a sua saída.
A FNAM vai continuar a lutar para retirar da Dedicação Plena o aumento do limite anual do trabalho suplementar de 250 horas, o aumento da jornada diária de trabalho de 9 horas, o fim do descanso compensatório após o trabalho noturno para quem faz serviço de urgência (SU) e a realização de trabalho ao sábado para os médicos hospitalares que não realizem SU.
Continuaremos a batalhar pela eleição interpares de cargos de direção e coordenação, capacitando os médicos com a participação ativa nos locais de trabalho, em processos transparentes e democráticos, e acabando com as nomeações, sempre feitas de cima para baixo, com critérios nebulosos e questionáveis, que promovem muitas vezes a mediocridade em vez da competência, e mantém as instituições reféns de lógicas de poder alheias ao trabalho médico.
Além disso, o próximo Ministro/a da Saúde sabe que reivindicamos a reposição da jornada de trabalho de 35h como nos demais profissionais de saúde em vez das atuais 40h, a reposição das 12h de SU em vez das atuais 18h, para o máximo de 1500 utentes por médico de família, e a reposição do subsídio de disponibilidade permanente para os médicos de saúde pública.
Iremos ainda lutar pela reintegração do internato na carreira médica uma vez que os médicos internos representam um terço da força do trabalho no SNS, bem como a recuperação dos dias de férias retirados durante o período de intervenção da troika, por melhores condições para a parentalidade e formação pós-graduada. Queremos igualmente ver discutida e aprofundada a questão do desgaste rápido da profissão e, associado a essa realidade, a reforma antecipada para todos os médicos que assim o desejem.
Por fim, continuaremos a exigir a devolução do poder de compra perdido na última década e para que todos os médicos possam, definitivamente, conciliar a sua vida profissional com a vida pessoal e familiar, com a dignidade que merecem.
Em todas as reuniões deixámos a certeza que, independentemente de quem venha a ser o nosso próximo interlocutor no Ministério da Saúde, a FNAM mantém as suas reivindicações para os médicos, e na defesa de um SNS público, acessível e de qualidade para toda a população.
Estão disponíveis para consulta um documento com toda a informação relativa aos programas para a Saúde dos partidos parlamentares, a apresentação com que abrimos as reuniões com os partidos, o plano de ação 2022-2025 da FNAM e as tabelas da carreira médica.