A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) junta-se ao movimento “Uma Lista, Uma Vaga” e estará presente nas vigílias que terão lugar no próximo sábado, 28 de junho, às 19h30, em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e da Medicina Geral e Familiar (MGF), reafirmando o seu compromisso com os médicos recém-formados e com os utentes, que continuam privados de acesso a cuidados de saúde primários.
As vigílias realizar-se-ão em dois locais:
- Centro de Saúde Norton de Matos – Coimbra
- Câmara Municipal do Porto
Esta ação surge como resposta à decisão do Ministério da Saúde de não abrir a totalidade das vagas necessárias em MGF, o que, neste concurso, deixa 300 mil utentes sem médico de família (MF), apesar de existirem especialistas para ocupar essas vagas. Numa altura em que mais de 1,6 milhões de pessoas continuam sem MF — mais 100 mil do que em janeiro — esta escolha política é, para a FNAM, grave, incompreensível e prejudicial para a população.
A FNAM alerta para o declínio continuado na colocação de MF nos últimos anos, não por falta de médicos, mas por opção política que restringe artificialmente o número de vagas. Em 2023, com todas as vagas disponíveis abertas, foram contratados 314 MF. Em 2024, esse número desceu para 279. Em 2025, havia necessidade de cerca de 1000 vagas, mas abriram 582 e foram colocados apenas 219 médicos — uma quebra ainda mais acentuada, causada pela decisão de manter vagas fechadas, mesmo em zonas onde são urgentemente necessárias.
A FNAM critica ainda a ausência prolongada de concursos de mobilidade, que impedem muitos médicos de ajustar os seus percursos profissionais às necessidades do SNS. Estes concursos, que há muito deixaram de ser realizados com regularidade, são uma ferramenta essencial para garantir uma distribuição justa dos médicos.
Em linha com esta mobilização nacional, o movimento “Uma Lista, Uma Vaga” submeteu também um pedido de petição pública à Assembleia da República, exigindo a abertura de todas as vagas carenciadas em MGF. A FNAM apoia esta iniciativa, que traduz o sentimento de revolta, mas também de esperança, de toda uma geração de médicos comprometida com o SNS.
A FNAM apela à participação de todos os médicos, estudantes, utentes e cidadãos nestas vigílias, que simbolizam a vontade coletiva de defender a carreira médica e o SNS, como pilares essenciais da saúde pública em Portugal.