Médicos não se deixam enganar 

Hoje foram publicadas as novas tabelas salariais para os médicos que impossibilitam a recuperação, até 2027, da perda de 20% do poder de compra da última década. Esta publicação acontece após a recusa da Ministra Ana Paula Martins em negociar com a FNAM, a estrutura sindical que mais médicos representa no SNS, em violação dos procedimentos da contratação coletiva.

O Ministério da Saúde preferiu iludir a negociar. A publicação das tabelas salariais mostra o contrário do propagandeado, com o aumento médio do salário dos médicos, no regime geral de 40 horas, até 2027 e excluindo o aumento para a administração pública, a ficar nos 1,3% por ano:

  • 2,9% para médicos Internos | subida de 1 nível na Tabela Remuneratória Única (TRU) em 2025; sem alteração do nível na TRU em 2026 e 2027;
  • 4,8% para médicos Assistentes | sem alteração do nível na TRU em 2025 em todas as posições (P); subida de 2 níveis na TRU em 2026 para quem se encontra na 1ª P e 2ª P; subida de 2 níveis na TRU em 2027 para quem se encontra na 1ªP, e 1 nível da TRU em 2027 para quem se encontra na 2ª P; para as outras posições: subida de 3 níveis na TRU em 2026; sem subida na TRU em 2027. A partir de 2026, desaparecem a 7ªP e 8ªP;
  • 5,7% para os médicos Assistentes Graduados | sem alteração do nível na TRU em 2025; subida de 1 nível na TRU em 2026; 3 TRU em 2027;
  • 0% para os médicos Assistentes Graduados Sénior | sem qualquer alteração na posição na TRU em 2025, 2026 ou 2027.

De sublinhar que 1 nível de TRU em 2025 e 2026 corresponde a 56.58€ e em 2027 a 60,52€.

A esmagadora maioria dos médicos encontra-se na primeira posição remuneratória em cada categoria. Se tivesse sido aplicada a justa progressão, os médicos encontrar-se-iam três ou quatro posições acima das atuais, mas a Ministra Ana Paula Martins apenas concede o avanço de uma posição em 2025, sem que daí resulte uma verdadeira valorização salarial.

A FNAM continuará a defender a justa remuneração dos médicos, a valorização da carreira e a melhoria das condições de trabalho. O próximo titular da pasta da Saúde está avisado que a FNAM continuará a lutar por uma negociação séria, capaz de defender todos os médicos, utentes e o SNS.