A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) saiu da reunião de negociação coletiva de hoje, com a ministra Ana Paula Martins, sobre “adaptação do SIADAP à carreira médica”, com uma certeza: o governo insiste em impor uma avaliação aos médicos que não só não resolve qualquer problema da carreira médica, como aprofunda injustiças, bloqueios e desigualdades que há muito fragilizam o SNS.

 A FNAM afasta qualquer modelo que transforme a avaliação num mecanismo de punição ou de chantagem administrativa. Por isso reafirmamos a manutenção da avaliação para a progressão vertical com garantia da progressão horizontal, automática, através da reposição do regime de diuturnidades que garanta a progressão nas posições remuneratórias a cada três anos, exatamente como acontece em vários países europeus, que reconhecem o valor da experiência acumulada e respeitam o percurso profissional dos seus médicos.

O que o Ministério hoje apresentou é o contrário disso, propondo uma avaliação:

  • ainda mais injusta;
  • ainda mais burocrática;
  • ainda mais penalizadora para quem está no SNS;
  • e que bloqueia, de forma quase total, a progressão ao longo da carreira.

É inaceitável que, depois de anos de congelamento na progressão, promoção da precariedade, intensificação da carga assistencial para lá do razoável e agravamento da falta de condições, se tente impor um modelo que amarra os médicos a um labirinto burocrático, que impede a progressão e a dignidade profissional. A mensagem da FNAM é direta e clara: os médicos não são peças descartáveis nem mão-de-obra barata a gerir por algoritmos.

A FNAM voltará a reunir-se com o Ministério da Saúde na próxima semana, onde exige que o curso da negociação respeite os médicos. Exigimos justiça. Exigimos carreira.

O SNS não se salva com promessas vazias — salva-se com médicos valorizados e com uma carreira que funciona, não com mecanismos de avaliação inventados para justificar e perpetuar mais bloqueios.

A luta continua e intensifica-se

Perante a recusa do governo em corrigir as injustiças e em respeitar os médicos do SNS, a FNAM reafirma a sua total adesão à GREVE GERAL MÉDICA de 11 de dezembro, convocada em defesa da carreira médica, da dignidade profissional e do futuro do SNS. Aviso prévio pode ser consultado aqui.