No seu 46.º aniversário, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está mais fragilizado do que nunca. Em vez de apostar num SNS forte, universal e acessível, o Governo de Luís Montenegro opta por manter o subfinanciamento crónico, empurrar os profissionais para fora do serviço público e abrir espaço aos privados, que aguardam o retorno dos 1000 milhões de euros de investimento que têm vindo a ser anunciados.

A FNAM recusa este caminho. A saúde não pode ser gerida com lógicas de produção nem com incentivos que tratam os médicos como peças descartáveis. A qualidade dos cuidados de saúde exige tempo, estabilidade e profissionais valorizados — não horas extraordinárias sem fim, nem objetivos impostos como numa fábrica.

O salário-base dos médicos continua desajustado face à responsabilidade e exigência da profissão. Continuamos a ser chamados a “aguentar o serviço”, mas sem condições dignas para o fazer. É por isso que cada vez mais médicos abandonam o SNS. E é também por isso que a FNAM insiste: sem carreiras estáveis e atrativas, não haverá futuro para o SNS.

Os médicos têm sido o pilar de um SNS que resiste, mas resistir não basta. É preciso reconstruir. E essa reconstrução só é possível com respeito, investimento e vontade política real.

A FNAM estará sempre do lado das soluções — em defesa dos médicos, das suas carreiras e da dignidade da profissão — e não aceitará um modelo que fragiliza o SNS.

Exigimos a abertura imediata de negociações sérias, para garantir condições justas para os médicos e um SNS capaz de responder a todos. O tempo está a esgotar-se.