Somos médicos. Somos apenas trinta mil médicos no Serviço Nacional de Saúde. E somos 10 mil médicos internos deixados fora da carreira.
Estamos nos centros de saúde, nos hospitais, nas maternidade, e nas ambulâncias. Estamos lado a lado com os nossos idosos, com as grávidas, os bebés e as crianças. Com toda a gente que precisa do SNS. Foi com o nosso trabalho no SNS que se reduziu a mortalidade materno-infantil e aumentou a esperança média de vida, nestes últimos 50 anos, em Portugal. Mas, hoje, tudo isso está em risco. Estamos exaustos. Passamos dias sem ver as nossas famílias e os nossos filhos e somos obrigados a fazer centenas de horas extraordinárias por ano. Em troca, somos a profissão que perdeu mais poder de compra na última década, sem valorização nem progressão na carreira. E por isso é difícil ficar num SNS que não nos dignifica. Mas não baixamos os braços. Lutamos por salários justos e condições de trabalho para prestar cuidados de excelência e em segurança. Lutamos por um SNS com equipas completas e motivadas. Os médicos lutam por um SNS que garanta a saúde da população, que seja público, universal, acessível e de qualidade. E precisamos de cuidar de quem cuida. Sabemos que estão do nosso lado.