Foi preciso esperar até ao último dia do protocolo negocial para o Ministério da Saúde avançar, finalmente, com uma proposta de valorização do trabalho médico e de um regime de dedicação. No entanto, estas propostas não vão ao encontro de um princípio fundamental: a valorização do trabalho de todos os médicos. Por isso, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) mantém a greve de 5 e 6 de julho e a abertura para avançar com novas greves em agosto.

Para a FNAM, é fundamental que a valorização do trabalho médico não dependa de bónus, subsídios e objetivos, mas que seja definida significativamente para todos os médicos, independentemente do seu grau de carreira, especialidade ou tipo de contrato.

Neste aspeto, é particularmente importante que não se deixe para trás os médicos internos – a FNAM reivindica a sua integração no 1.º grau na carreira médica – nem os médicos de família nas Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP). Além disso, os médicos de Saúde Pública não podem continuar a ser esquecidos pela tutela. A FNAM está aqui para garantir que todos os médicos são considerados nesta valorização.

A generalização das Unidades de Saúde Familiar do tipo B (USF-B) e dos Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) nos hospitais, que faz depender a valorização do trabalho médico em critérios sobre a «produtividade», é insuficiente para garantir a fixação de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que estes se sintam respeitados e valorizados.

Depois de dez anos de desvalorização salarial e de perda de poder de compra, depois do importante, mas árduo, combate à pandemia de COVID-19, os médicos precisam de uma resposta. O Ministério da Saúde não nos deu ainda essa resposta, por isso a FNAM mantém a greve para 5 e 6 de julho e irá desenvolver a sua resposta no seu Conselho Nacional, agendado para amanhã, dia 1 de julho.